As
manifestações clínicas da doença hemorroidária podem ser divididas nas que ocorrem
por conta das hemorroidas externas e nas apresentadas pelas internas.
O sintoma
hemorroidário que mais leva pacientes a procurar auxílio médico é o aparecimento
súbito de um ou mais nódulos dolorosos no rebordo anal: manifestação clínica da trombose
hemorroidária externa. A afecção costuma cursar com dor de intensidade
variável e pode
evoluir para sangramento orificial por necrose da pele que reveste o mamilo hemorroidário
trombosado, o que comumente faz a dor ceder. Normalmente, a crise hemorroidária externa
surge, em indivíduos predispostos, após grande esforço físico. Nesta eventualidade, ocorre aumento
súbito da pressão endoluminar dos vasos retais inferiores, que não se distribui para os
canais anastomóticos que os ligam aos vasos retais médios e superiores, por estarem
estes constringidos pela massa muscular esfinctérica contraída (em resposta reflexa ao
aumento de pressão intra-abdominal). O sangue, aprisionado no vaso retal que forma a
hemorroida externa, coagula-se, formando o processo trombótico. O nódulo anal que se
forma, inicialmente doloroso, torna-se paulatinamente menos doloroso até o 3º ou 4º dia
de evolução. A partir de então, o paciente passa a só sentir-se incomodado com o aumento de
volume anal. O nódulo costuma desaparecer espontaneamente ao cabo de 30 dias.
Ocasionalmente, ocorre necrose cutânea por pressão do trombo excessivamente
volumoso sobre
a pele, redundando em sangramento perianal, que invariavelmente é acompanhado de
diminuição da dor local.
As hemorroidas internas, por outro lado, raramente são dolorosas.
Seu principal sintoma é o sangramento, sendo seguido pelo prolapso, por sintomas de ânus
úmido e, mais raramente, por prurido e anemia. Ocasionalmente, entretanto, podem, após
apresentar prolapso, ser aprisionadas pelo tubo muscular esfinctérico e evoluir para
o pseudoestrangulamento hemorroidário (ou prolapso com trombose hemorroidária interna),
afecção extremamente dolorosa e incapacitante (a que historicamente é responsabilizada
pela derrota de Napoleão Bonaparte em Waterloo!).
O sangramento de hemorroidas internas ocorre caracteristicamente
durante e após a defecação, em geral de fezes sólidas ou ressecadas. O sangue pode
recobrir as fezes, gotejar continuamente após a eliminação fecal, ou ser percebido em spray no vaso sanitário. Em geral, não se acompanha
de dor. Pode ou não haver prolapso hemorroidário concomitante. Hemorroidas que sangram
sem apresentar prolapso são ditas de 1º grau. O sangramento hemorroidário
repetitivo pode ser causa de anemia ferropriva e redundar em graves repercussões
em pacientes que negligenciam o sintoma.
O prolapso de hemorroidas de revestimento mucoso (internas) (que em
geral ocorre durante a evacuação, mas que, com o tempo, pode se dar após qualquer
esforço que aumente a pressão transmitida pela prensa abdominal sobre o orifício anal) inicialmente
reduz-se espontaneamente (hemorroidas de 2º grau), mas passa, com o agravamento da
afecção, a necessitar de redução digital (hemorroidas de 3º grau) ou a permanecer
exteriorizado constantemente (hemorroidas de 4º grau).
Juntamente com o prolapso, costuma ocorrer acúmulo de secreção mucosa com
resíduos fecais que sujam a pele orificial e perianal (chamado soiling) e podem
manchar as roupas íntimas ou ser causa de prurido anal.
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