IX - Doença Diverticular |
COSTA E SILVA, I.T. Doença diverticular: patologia. Módulos de Coloproctologia. Disciplina de Clínica Cirúrgica I. Universidade Federal do Amazonas. Disponível em: <http://home.ufam.edu.br/dcc1/modulos/IX/9patologia.htm>. Acesso em: 30/7/2019. |
No intestino grosso, a doença
diverticular costuma preservar o reto e pode afetar qualquer segmento do
colo. O colo descendente é a segunda região mais comumente afetada pela doença diverticular. Descendente e sigmóide são os segmentos cólicos responsáveis por cerca de 87% dos casos de doença diverticular observada nos povos do ocidente. Muito embora a doença possa acometer o colo por inteiro, o espessamento muscular só costuma ser observado no sigmóide (Figura 1). Os divertículos formam-se preferencialmente nas regiões situadas entre as tênias antimesentéricas e a mesentérica, ao lado dos orifícios de penetração muscular dos vasos cólicos. Quando ocorre formação diverticular na área antimesentérica intertenial, em geral a doença encontra-se em estado avançado (Figura 2). Clique no link a seguir e você será remetido ao site Gastrointestinal Pathology Index e observará divertículos azuláceos num colo sigmóide de aspecto empalidecido com apêndices epiplóicos hipertróficos. Para voltar ao texto, apague a janela que se abrir, clicando no botão com um X em seu canto superior direito. link 1 Os divertículos cólicos laterais são formados grosseira e aparentemente por duas camadas, a mucosa, internamente, e a serosa externamente. Na realidade, à microscopia ótica constata-se que são a mucosa, a muscular da mucosa e a submucosa que se projetam em falhas existentes na musculatura circular. Pode-se observar, algumas vezes, uma camada muscular atenuada no colo diverticular. Os divertículos cólicos da região antimesentérica intertenial possuem, além da serosa, também uma delgada e atenuada camada de musculatura circular de revestimento. Clique no link a seguir e você será remetido ao site Gastrointestinal Pathology Index e observará fotomicrografia em pequeno aumento de divertículo cólico. Perceba que suas paredes são compostas basicamente por mucosa e serosa. Para voltar ao texto, apague a janela que se abrir, clicando no botão com um X em seu canto superior direito. link 2 A musculatura cólica do segmento acometido pela doença diverticular está espessada, principalmente e em maior grau quando o segmento afetado é o colo esquerdo. As tênias cólicas estão espessadas e podem assumir um aspecto cartilaginoso. Seu encurtamento e o espessamento da musculatura circular têm sido responsabilizados pelo aspecto em sanfona assumido pelo colo acometido pela afecção, produto da hipersegmentação cólica que se desenvolve. Clique no link a seguir e você será remetido ao site Gastrointestinal Pathology Index e observará segmento cólico aberto acometido por doença diverticular. Perceba, além dos orifícios diverticulares, o espessamento da parede cólica característico da doença. Para voltar ao texto, apague a janela que se abrir, clicando no botão com um X em seu canto superior direito. link 3 Apesar de serem característicos da doença, os divertículos podem não ser visíveis em alguns casos de doença diverticular complicada, sendo o espessamento da musculatura cólica o fator determinante do diagnóstico da afecção. Sendo assim, a anormalidade muscular da parede cólica é o aspecto mais consistente na formulação do diagnóstico da doença diverticular. Histologicamente observa-se, na doença diverticular, espessamento de ambas as camadas musculares da parede cólica. O espessamento da musculatura longitudinal deve-se ao depósito exagerado de elastina entre suas fibras musculares, fato característico da doença diverticular, pois normalmente a elastina só é observada na musculatura circular. O espessamento desta, por sua vez, deve-se ao seu fracionamento em resposta à hiperatividade muscular própria da doença diverticular, e à infiltração, entre os fascículos musculares fracionados, de tecido conjuntivo fino. Os divertículos podem ser causa de complicações. Em seu interior comumente penetram fezes, que podem lá permanecer, tornar-se desidratadas, formar fecalitos e causar inflamação por lesão da mucosa diverticular e tecidos circunvizinhos. A inflamação resultante pode acentuar a diminuição da luz cólica e provocar fenômenos obstrutivos. Pode também ser causa de peritonite local, formação de abscesso, se houver perfuração localizada, ou mesmo peritonite generalizada, se houver perfuração para a cavidade livre. É comum os órgãos adjacentes acolarem-se ao sítio de inflamação diverticular na tentativa de bloquear o processo. Sendo assim, não é infreqüente a formação de fístulas entre o colo e tais estruturas. A fístula colovesical é a fístula mais comumente encontrada na doença diverticular. Clique no link a seguir e você será remetido ao site Gastrointestinal Pathology Index e observará um segmento excisado de diverticulite cólica perfurada. A faixa central mais escura representa o local da perfuração cólica no sítio de diverticulite. Para voltar ao texto, apague a janela que se abrir, clicando no botão com um X em seu canto superior direito. link 4 A doença diverticular pode ser causa de sangramento intestinal. Em geral, quando ocorre, o sangramento assume as características de hematoquezia (eliminação de fezes formadas com sangue na superfície). O diagnóstico diferencial com neoplasia do colo é mandatório. A propósito, não existe relação alguma provada entre doença diverticular e surgimento de neoplasia cólica. A primeira não predispõe à segunda. No entanto, ambas podem coexistir! Uma manifestação controversa da
doença diverticular é o sangramento digestivo baixo, algumas vezes dramático,
que pode causar choque hipovolêmico em minutos. É mais comumente
observada em pacientes com doença diverticular difusa do colo e
oligossintomáticos ou assintomáticos até então. Normalmente incide em
indivíduos mais idosos. Há evidências na literatura de que tal tipo de
sangramento que ocorre em pacientes com doença diverticular difusa, na
realidade, não se origine de divertículos, mas de angiodisplasias cólicas
ou de outras lesões intestinais com potencial hemorrágico, tais como úlceras
cecais, tumores cólicos e do intestino delgado, malformações
arteriovenosas do intestino delgado, etc. Mas, considerando que uma
dada enterorragia pudesse ser causada pela doença diverticular, explica-se seu
aparecimento pela formação de úlcera de decúbito no colo diverticular,
sobre o local onde transita o vaso cólico que penetra na parede
intestinal, ao lado do qual se formou o divertículo. Tal úlcera de decúbito
é formada por fecalito aprisionado no interior do divertículo, que se
avoluma à proporção que fezes líquidas penetram no interior do divertículo,
desidratam-se e somam espessura ao fecalito. |