VI - Doença Pilonidal |
COSTA E SILVA, I.T. Doença pilonidal: etiopatogenia. Módulos de Coloproctologia. Disciplina Cirurgia do Sistema Digestório, Órgãos Anexos e Parede Abdominal. Universidade Federal do Amazonas. Disponível em: <http://home.ufam.edu.br/dcc1/modulos/VI/6etiopatogenia.htm>. Acesso em: 30/7/2019. |
Etiopatogenia |
No início
considerada doença de origem puramente congênita, hoje acredita-se que a
afecção incida em pacientes que, de forma adquirida, apresentam orifícios
no sulco interglúteo, que, com freqüência, apresenta-se deprimido, como se fôra uma cova (cavidade, recesso) cutânea na região sacrococcígea. Tais
orifícios são a expressão de folículos pilosos de dimensões anormalmente
aumentadas. Imagina-se que a gravidade e o movimento de fricção de uma
reflexão glútea sobre a outra exerçam tração sobre o folículo, tendendo a
distendê-lo. Bactérias, restos celulares e outros resíduos presentes na região adentram nesta área até então estéril, produzindo inflamação
local. Segue-se edema, que acabará por ocluir o seu óstio e o folículo
piloso distendido findará rompendo-se para o exterior, dando saída a
queratina e pus, formando-se, no local, um microabscesso por reação de corpo
estranho, muito semelhante ao que ocorre numa foliculite perfurante. O
microabscesso drena para o orifício primário do cisto pilonidal. Quando o
material purulento é mal-drenado pelo orifício primário, o pus acaba
dissecando trajetos no tecido celular subcutâneo sacrococcígeo, produzindo
abscessos pilonidais agudos e crônicos, que podem terminar drenando para o
exterior por meio de um ou mais orifícios secundários. Este processo
supurativo não
consegue romper-se para o exterior pela linha média em virtude dos septos
fibrosos pré-sacrais existentes na região. Forma, então, trajetos
subcutâneos secundários que terminam por drenar lateral e cranialmente, geralmente à
esquerda da linha média. É interessante saber que são as raízes dos pêlos que penetram a pele pelo orifício primário e não suas pontas (como se poderia inicialmente pensar), uma vez que as primeiras é que são encontradas nas profundezas das cavidades císticas pilonidais, enquanto que as últimas podem ocasionalmente ser observadas despontando dos orifícios primários dos cistos, na pele da região pós-anal. Explica-se esta tendência pela conformação anatômica dos pêlos e cabelos, que são formados por escamas de extremidades cranialmente salientes, dispostas, de maneira ordenada, umas sobre as outras, em inserção oblíqua. Tal disposição oblíqua das extremidades salientes das escamas dos pêlos faz com que eles migrem no sentido de suas raízes, ao serem rolados sobre seu eixo longitudinal, por fricção de uma nádega sobre a outra, por assim oferecerem menor resistência ao movimento. Tal fato pode facilmente ser entendido por analogia rolando-se um cabelo solto entre as polpas digitais do polegar e do dedo indicador de uma das mãos: tal movimento de fricção fará com que o elemento capilar mova-se no sentido de sua raiz. |