Noções de Radiologia do Aparelho Digestivo

II - Radiologia do Estômago e Duodeno

 

1- INDICAÇÕES
   Estudamos o estômago e o duodeno nos quadros de dor epigástrica, hematêmese, melena, náusea, vômitos e de massa palpável no andar superior do abdome.

2- MÉTODOS DE EXAME
   2.1-Gastroduodenografia baritada
: visibilização da superfície mucosa, principalmente quando realizado com duplo contraste;  
   2.2-Tomografia computadorizada e ultra-sonografia: podem revelar massa gástrica, porém não são os principais exames na descoberta de patologias gastroduodenais. A tomografia computadorizada é de grande valia no estadiamento pré-operatório de lesões malignas.
   A Endoscopia apresenta maior sensibilidade na avaliação mucosa em comparação com o método radiológico. Em alguns países é o procedimento de escolha. Entretanto, em outras partes do mundo, a disparidade dos custos dos dois estudos manteve a Radiologia como procedimento principal.

3- PATOLOGIAS PRINCIPAIS
  
3.1- Anomalias congênitas: destacam-se a atresia duodenal, dextroposição gástrica, cistos de duplicação gástricos e duodenais (raros), microgastria, pâncreas anular e estenose hipertrófica do piloro.
   O diagnóstico da estenose hipertrófica é sugerido nos quadros de vômito persistente em um bebê com três a cinco semanas de vida. O exame baritado revela canal pilórico alongado, geralmente com musculatura espessada produzindo abaulamento na base do bulbo duodenal.
   O pâncreas anular é uma patologia rara caracterizada por um envolvimento do duodeno pelo pâncreas ventral e dorsal, abraçando-o totalmente, podendo causar obstrução parcial ou completa do segmento acometido do duodeno.    
   3.2- Doença ulcerosa péptica: notam-se vários achados, entre eles: alargamento de pregas e distorção da mucosa, erosões e úlceras. Estas podem ser identificadas em qualquer região do estômago ou do duodeno proximal, sendo mais comuns no antro, canal pilórico e no bulbo duodenal. Ocorrem com maior prevalência ao longo da pequena curvatura do estômago, onde geralmente se projetam externamente à sua parede. Nestes casos, quando houver associação de um halo de edema regular na borda da cratera (linha de Hampton) estamos diante de um achado sugestivo de benignidade.  
   3.3- Doença de Crohn: possui predileção pela região piloro-antral e duodeno. Os achados são semelhantes aos das outras topografias (úlceras, nodularidades e estreitamentos da luz) e ocorrem, via de regra, após acometimento das porções mais distais do fino intestino.  
   3.4- Doença de Ménétrier: enteropatia perdedora de proteína associada a pregas de fundo e corpo bastante espessadas.  
   3.5- Neoplasias Benignas: incluem pólipos inflamatórios, adenomas vilosos (solitários ou múltiplos) e tumores intramurais. Estes são representados pelos lipomas, neurofibromas e leiomiomas. Em geral, são pequenos e assintomáticos, com exceção dos leiomiomas que podem alcançar maiores dimensões acarretando eventualmente ulceração e sangramento.
   Foram descritas lesões gástricas na síndrome de polipose (S. de Gardner, S. de Peutz-Jeghers, S. de Cronkhite-Canada).  
   3.6- Neoplasias Malignas: o adenocarcinoma gástrico inicia-se como uma pequena lesão em forma de placa que pode ou não ulcerar e requerem estudos especiais com duplo contraste para sua identificação. As lesões mais difíceis de descobrir são as que infiltram e enrijecem a parede gástrica sem formar massa ou ulceração com importante limitação diagnóstica da Endoscopia nestes casos. O resultado final deste processo infiltrativo pode ser um acometimento difuso do estômago com perda de sua distensibilidade (limite plástica). A neoplasia pode ulcerar e os critérios radiográficos utilizados na diferenciação dos processos benignos estão abandonados.Os adenocarcinomas do duodeno são raros.Outros processos malignos gástricos incluem o leiomiossarcoma, o linfoma e o tumor carcinóide.
  
A Doença Metastática não é comum e são constituídas por lesões submucosas que podem ulcerar. Geralmente são oriundas de carcinoma da mama, melanoma e sarcoma de Kaposi.