Noções de Radiologia do Aparelho Digestivo |
VI - Radiologia do Intestino Grosso |
PATOLOGIAS
PRINCIPAIS 1-
Anomalias congênitas: incluem os defeitos na tubulização (por
exemplo: atresia anorretal), duplicação colônica, falhas da rotação e
megacólon agangliônico. Este último é diagnosticado pelo enema opaco e
por biópsia. Verifica-se dilatação progressiva colônica com
estreitamento abrupto distal. 2-
Síndrome do cólon catártico:
obliteração das haustrações causando perfil interno liso do cólon. 3-
Doenças infecciosas:
a amebíase e a tuberculose são doenças diarreicas crônicas
freqüentemente estudadas por radiologia. A tuberculose acomete,
geralmente, a região ileo-cecal formando úlceras e estenose. A amebíase
tende a acometer o ceco que pode tornar-se completamente obstruído após
a cicatrização.
Ambas fazem parte do
diagnóstico diferencial da imagem do ceco cônico. Na amebíase, ao contrário
da tuberculose e doença de Crohn,
o íleo terminal não é envolvido. Ocorre um rápido retorno ao aspecto
normal com a instituição do tratamento antiamebiano. O íleo terminal
acometido pela tuberculose pode esvaziar-se diretamente no cólon
ascendente estenótico com não opacificação do ceco contraído e fibrótico
caracterizando o sinal de Stierlin.
A colite pseudomembranosa é uma condição causada por uma toxina
liberada pelo Clostridium difficile que acomete todo o cólon e cuja lesão predominante é o edema que
leva a uma acentuada irregularidade do relevo mucoso. O enema opaco está
contra-indicado na doença grave. 4-
Apendicite: as
radiografias simples podem ser normais ou revelar pequena distensão
gasosa ileal ou sinais
de abdome agudo. A caracterização de apendicolito é quase patognomônica.
A ultra-sonografia e, principalmente, a tomografia computadorizada assumem
papel importante na avaliação das complicações como os abscessos. 5-
Colite ulcerativa e 6- Colite granulomatosa (Doença de Crohn): são doenças
intestinais inflamatórias cujos aspectos gerais, incluindo o diagnóstico
radiológico, encontram-se extensamente relatados nos Módulos VII e VIII
de Coloproctologia. Neste material serão citadas terminologias típicas
mais afins ao estudo por imagens.
A doença de Crohn pode manifestar-se por
“lesões salteadas”, aspecto de “pedra de calçamento” da mucosa,
sinal do “barbante”, “ceco cônico”, impressão digitiforme,
trajeto duplo no cólon e fragmentação do contraste baritado entre
outros. A colite ulcerativa produz, por exemplo, imagens
do tipo cólon em “cano de chumbo”, ileíte por contracorrente,
“ceco cônico”, impressão digitiforme e úlceras em “colar de
contas”. O estudo baritado está contra-indicado na fase aguda, assim
como na existência do megacólon tóxico, que é um quadro que ocorre
mais freqüentemente associado à colite ulcerativa, podendo aparecer,
também, na colite granulomatosa.
7-Esclerodermia:
apresenta, como achado característico, divertículos (saculações) de
colo largo. 8-
Enterocolite necrozante:
causada pela má perfusão da parede intestinal em prematuros. Achados de
imagem incluem distensão intestinal, seguida de gás na parede da alça
e, depois, evidências de perfuração. 9-
Colite isquêmica: má
perfusão do cólon de adultos causando edema e hemorragia intra-murais,
como também algum grau de necrose da mucosa. O sintoma inicial mais comum
é o sangramento retal vivo. Os estudos contrastados apresentam padrão
sugestivo tipo impressão digital. 10-
Doença diverticular
(Figura 4):
apesar da diverticulose ser quase universal na população idosa, a incidência
da diverticulite não é muito elevada. O aspecto mais comum na avaliação
da diverticulite em estudo baritado é de massa extrínseca estreitando a
luz intestinal. A tomografia computadorizada deve ser o primeiro exame
utilizado quando os aspectos clínicos são atípicos para a diverticulite
do sigmóide, sendo que um dos problemas é a diferenciação com o
carcinoma anular. 11-
Pólipos: é comum a
ocorrência de pólipos adenomatosos e hiperplásicos no cólon como
achado de falha de enchimento. Os adenomatosos podem apresentar transformação
maligna.
As crianças podem apresentar pólipos hamartomatosos (juvenis) que
sangram ou se prestam a intussuscepção, sem apresentar potencial
maligno. 12-
Síndromes de polipose: S. de polipose colônica familiar: múltiplos pólipos adenomatosos (Figura 5). Distúrbio autossômico dominante com risco de 100% de desenvolver câncer colorretal. (Figura 6)
S. de Gardner: múltiplos pólipos
adenomatosos. Distúrbio autossômico dominante com risco de 100% de
malignização. Freqüentemente, há osteomas sinusais e tumores dos
tecidos moles.
S. de Turcot: múltiplos
pólipos adenomatosos associados a tumores cerebrais, geralmente
glioblastoma multiforme supratentorial.
S. de Peutz-Jeghers: múltiplos
pólipos hamartomatosos envolvendo basicamente o intestino delgado.
Pigmentação cutâneomucosa anormal característica afetando
principalmente os lábios e a mucosa oral.
S. de Cronkhite-Canada: múltiplos
pólipos juvenis hamartomatosos. Apresenta-se em fase mais avançada da
vida, com má absorção e diarréia intensa. Estão associadas
hiperpigmentação, alopécia, e atrofia das unhas dos dedos das mãos e
dos pés.
Doença de Cowden: múltiplos
pólipos hamartomatosos associados a uma série de mal-formações e
tumores de vários órgãos. Caracteristicamente há papilomatose perioral
e hiperplasia gengival nodular.
S. de Ruvalcaba-Myhre-Smith:
múltiplos pólipos hamartomatosos associados a macrocefalia e lesões
genitais pigmentadas. 13-
Tumores intra-murais:
o lipoma é o tumor mesenquimatoso mais comum no cólon. Os estudos
baritados evidenciam massa submucosa e a tomografia computadorizada
confirma que o tumor é composto de tecido adiposo. 14-
Adenocarcinoma
(Figura
6): a
tumoração leva a imagens de falha de enchimento e a tomografia é útil
para detectar a propagação para linfonodos e fígado, bem como mostrar a
extensão local da lesão primária. É essencial uma pesquisa minuciosa
do cólon em busca de outras falhas de enchimento, já que existem
carcinomas sincrônicos em aproximadamente 4% dos casos. 15-
ILUSTRAÇÕES: Figura 1- Megacólon agangliônico: cólon normal dilatado com estreitamento abrupto distal. Figura 2- Cólon catártico: cólon dilatado sem haustrações. Figura 3- Colite isquêmica: imagem de impressão digital no cólon transverso distal. Figura 4- Doença diverticular: imagens saculariformes de adição em ceco e cólon ascendente. Figura 5- Polipose familiar: inúmeras imagens arredondadas de falha de enchimento. Figura 6- Polipose familiar com adenocarcinoma: caracterização de pólipos e massa densa na parede póstero-lateral direita, expansiva, com infiltração da gordura peri-retal. Figura 7- Hidradenite supurativa: trajetos fistulosos na topografia de ampola retal. Figura
8- Intussuscepção: imagem ecográfica em alvo. |